Live

Mostrando postagens com marcador Bandas do Mundo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Bandas do Mundo. Mostrar todas as postagens

🎸 Matéria do Dia: Rush

 


🎸 Matéria do Dia — Speed Zine

Rush: história, legado e as últimas novidades que mexem com a alma prog

Por Mestre Fernando Carvalho

“Algumas bandas não desaparecem — apenas mudam de frequência. Rush é uma dessas frequências.”

Quando se fala em virtuosismo, ambição composicional e aquela mistura de músculo e cérebro, poucas bandas no rock moderno chegam perto do que o trio canadense construiu ao longo de décadas. Mas 2025–2026 trouxe um agito que ninguém esperava: notícias que recolocam Rush no centro das conversas — não apenas como relíquia, mas como força atuante. Nesta matéria, juntamos história, contexto e as novidades que estão fazendo os fãs — e até os curiosos — segurar o fôlego.


Um pouco de história (a base do edifício)

Formada em Toronto em agosto de 1968, a banda passou por mudanças de line-up até cristalizar sua formação clássica: Geddy Lee (voz e baixo), Alex Lifeson (guitarra) e Neil Peart (bateria e letras) — com Peart entrando em 1974 e assumindo o papel de letrista que transformou o grupo em algo maior que apenas “mais uma banda de rock”. Rush construiu reputação por composições complexas, passagens instrumentais intrincadas e um repertório que transitou do hard rock primitivo ao prog sofisticado e, depois, a fases mais sintetizadas e modernas. A trajetória tem marcos incontornáveis — 2112, Moving Pictures, Signals — que moldaram gerações de músicos. Wikipedia

A perda de Neil Peart em 2020 deixou um vácuo gigantesco: Peart não era só o motor — era também o poeta mecânico que deu voz a temas filosóficos e literários. Sua morte foi noticiada e lamentada pelo mundo inteiro. Rolling Stone


O que aconteceu de novo — as notícias que pipocaram

1) Tour comemorativo “Fifty Something” (Rush volta aos palcos)

Geddy Lee e Alex Lifeson anunciaram uma turnê comemorativa que aparece nos calendários como um evento de celebração do legado do grupo — batizada de Fifty Something e com datas previstas para 2026. A ideia: tocar — com respeito e energia — um vasto repertório que atravessa as décadas. A própria página oficial da banda e veículos de peso confirmaram a notícia. Rush.com+1

O detalhe que dividiu opiniões (e aqueceu debates na comunidade de fãs): a presença de uma nova baterista de estúdio/turnê, a virtuosa Anika Nilles, para assumir as partes de bateria de Peart ao vivo. Muitos viram a escolha como gesto corajoso — e necessário para levar a música a plateias —; outros sentiram que nenhum substituto pode “ser” Neil. A conversa é delicada, e os envolvidos deixaram claro que a homenagem a Peart e o respeito à sua memória orientam cada decisão. New York Post+1

2) R50 — antologia e reedições que recontam a história

Em 2025 saiu o RUSH 50, uma antologia que reúne faixas essenciais, raridades e material inédito solicitado por fãs — projeto pensado para comemorar cinco décadas da banda e oferecer um panorama amplo da obra. Além disso, houve reedições em vinil de álbuns mais recentes (pós-2000), reunidos em box sets para colecionadores. Esses lançamentos reforçam a ideia de que Rush continua a ser revisitado e redescoberto por novas gerações. Consequence+1

3) Sinais de vida criativa — Lifeson e Lee retomando noites de ensaio

Alex Lifeson admitiu publicamente que voltar a tocar o repertório da banda foi, ao mesmo tempo, um exercício de devoção e um choque técnico — “quando sentamos e começamos a tocar as coisas do Rush, eu percebi como era difícil tocar essas músicas”, disse ele em entrevista, lembrando que a complexidade do repertório é tanto desafio quanto virtude. Essa honestidade por parte dos membros dá pistas: não se trata de nostalgia fácil, mas de um compromisso com a integridade musical. MusicRadar

4) Produtos e iniciativas dos próprios membros — Geddy Lee em ação

Enquanto a máquina institucional (box sets, turnês) roda, Geddy Lee vem participando de projetos próprios e parcerias com marcas, como o lançamento de uma edição especial de equipamento de baixo em parceria com Tech 21, com parte das vendas revertida para causas beneficentes — outro indicador de que a presença de Lee vai além dos palcos. Rush.com


O que isso significa para o legado — e para os fãs?

Rush sempre foi uma banda que exigiu atenção. Suas músicas pedem do ouvinte algum esforço cerebral: compasso irregular, solos que mais parecem diálogos do que exibições, letras que discutem liberdade, tecnologia, distopia e introspecção. Ver Lee e Lifeson decidindo revisitá-las publicamente, com honras e cuidado, é um sinal de respeito — e também de coragem artística. Para a cena, isso abre duas portas:

  1. A cultura do setlist vivo: a ideia de que repertório clássico não é coisa de museu; pode (e deve) ser tocado, reinterpretado e transmitido, mesmo que de forma diferente.

  2. O debate ético sobre substituição: como homenagear um talento insubstituível? Como seguir adiante quando a peça central se foi? As respostas são pessoais — e o gesto de levar a música a público demonstra uma opção clara: compartilhar a obra em forma viva, não trancá-la em caixa de vidro.


Reflexão final do Mestre

Como músico e educador, vejo Rush como uma escola: nas horas em que ensino técnica, eu sempre volto aos discos deles — não para reproduzir, mas para entender como uma construção sonora pode ser pensamento em forma de som. A volta de Geddy e Alex aos palcos (se concretizada) não é só um evento de nostalgia; é uma aula magna para as novas gerações que querem entender o que significa técnica a serviço da ideia.

A música deles é exigente, sim. Mas essa exigência também liberta: obriga o ouvinte a raciocinar, sentir e resistir. E, ao final do dia, se Rush nos empurra para frente com reedições, passeios de catálogo e shows, que assim seja — desde que feito com o mesmo respeito que Neil Peart mereceria. Porque o som que eles criaram não é só um conjunto de notas: é uma ética do tocar.