“Do Zero ao DNA: Como Guitarristas Brasileiros Estão Redefinindo o Rock com Cultura e Fogo”
Por Mestre Fernando Carvalho
Speed Zine – Edição de 31 de julho de 2025
São Paulo, 31 de julho de 2025
Hoje, o Brasil não está apenas assistindo ao rock — está reinventando-o. Se nos anos 2000 esperávamos que o riff virasse meme, em 2025 vemos guitarristas emergentes abrindo novas estradas sonoras, com cabeça, técnica e alma brasileira. O capítulo que ressignifica quem somos para quem ouve.
Além das cordas e da técnica: o brasileiro pulsando no riff
Há pouco, estava no estúdio da Espaço Sumaúma, na zona norte, quando Marina Cavalcante (RJ) conectou sua Stratocaster ao amplificador valvulado e soltou um solo que não parecia gringo nem nacional — era imediatamente Brasil: blues assoviado, harmonias de bossa nova distorcida e uma dor curva de frevo. Naquele instante, percebi que o novo rock brasileiro não está tentando imitar.
| Tássia Reis | Versos poéticos flutuando sobre riffs e R&B sutil |
| Zumbi do Mato | Psicodelia bucólica com recortes de eletrônica e poesia urbana |
| Far From Alaska | Desertos gelados, riffs precisos e pós-punk visceral |
| Cícero (solo) | Rock indie sob lentes de MPB com guitarra sob medida |
| Alceu Valença / Banda | Lealdade roqueira ao canto rústico do Nordeste |
| Vivendo do Ócio | Riffs melodiosos com poesia urbana acústica |
| Boogarins | Viagem psicodélica goiana que reflete o cerrado interior |
O espaço — ainda escasso, mas pulsante
Apesar das dificuldades estruturais, a cena underground pulula. A Galeria do Rock (SP) volta a ser templo onde bandas surgem, vendem discos e trocam amplificadores de forma clandestina. O streaming dá visibilidade, mas é em festivais DIY como o Sarará Festival, o Picnik e o Grito Rock Nordeste que o novo rock encontra palco, público e fôlego.
Por que continua tão caro defender o rock?
-
Equipamentos: guitarras (especialmente vintage ou feitas à mão), pedais, amplificadores valvulados: vale ouro.
-
Infraestrutura: ensaio, gravação, transporte, divulgação — tem banda que chega a gastar R$ 10 mil/mês só para manter tudo no ar.
-
Mercado de nicho: o rock brasileiro não está nos algoritmos do mainstream. Fãs compram vinil, mas em pequena escala.
Ainda assim, existe amor pelo suor, por letras que não fingem ser boas para vender, por ídolos que não fingem ser perfeitos. Esse suor é o que enraíza a cena no Brasil, onde nossas contradições viram refrões.
Conclusão: a guinada está acontecendo
O rock brasileiro não está morrendo. Está mudando, se solidificando.
Se você ouve hoje uma guitarra que fala de floresta, sertão, favela, cultura popular ou simplesmente de insônia urbana — saiba: isso é futuro.
E, quem sabe, aquela guitarra vazia em um quarto hoje possa virar o som do amanhã. É hora de encher o silêncio com faces novas, riffs audaciosos e alma brasileira.

Nenhum comentário:
Postar um comentário