🎸 Um Grito de Resistência em Meio ao Silêncio da Indústria
Por Mestre Fernando Carvalho
O rock brasileiro, embora ainda pulsante, vive tempos difÃceis. Segundo dados recentes do Spotify de 2024, o gênero representa apenas 1,8% do consumo musical no paÃs — um número alarmante quando lembramos do auge entre os anos 80 e 90, quando bandas como Legião Urbana, Titãs, Os Paralamas do Sucesso, Sepultura, Raimundos, Engenheiros do Hawaii e Ratos de Porão ditavam o ritmo cultural da juventude.
🧨 O Que Aconteceu?
A explosão de gêneros como o sertanejo pop, o trap e o funk ocupou massivamente o espaço nas rádios, nos streamings e nos festivais. O mercado se ajustou à demanda. O rock, que sempre se orgulhou de andar na contramão, foi sendo empurrado para as margens. Além disso, a indústria não vê o rock como produto de alta rotatividade, e isso pesa.
Produzir rock é caro. Equipamentos analógicos, amplificadores valvulados, instrumentos de qualidade, custo de gravação em estúdios profissionais... tudo isso encarece a entrada de novos artistas no mercado. Enquanto beats eletrônicos são criados com um notebook e fones de ouvido, o rock exige suor, banda, ensaio, e tempo.
🚀 Novas Bandas, Novos Ventos
Apesar do cenário adverso, o Brasil segue parindo novas promessas: Far From Alaska (RN), Supercombo (ES), Maglore (BA), Boogarins (GO), O Grilo (SP), Plutão Já Foi Planeta (RN), Scalene (DF) e os poéticos Dingo Bells (RS) são exemplos de resistência. Eles misturam referências vintage com sonoridades modernas, exploram o audiovisual como nunca e se conectam com nichos extremamente fiéis.
As bandas veteranas estão em outra rota: Titãs, por exemplo, se reuniram em 2023 para uma turnê histórica com todos os membros originais. Humberto Gessinger segue com carreira solo firme. Pitty ainda é Ãcone e voz ativa. Mas há um esforço nÃtido de se manterem vivos em um sistema que não os alimenta mais com tanta força.
📺 E o Espaço na MÃdia?
A grande mÃdia abandonou o rock. São raros os programas de TV, rádios ou podcasts que abrem espaço para o gênero. Em contrapartida, a cena independente floresce no YouTube, Twitch, TikTok e no Bandcamp, onde artistas têm mais liberdade criativa e se comunicam diretamente com o público. No entanto, falta apoio estruturado: espaço não é só visibilidade, é também investimento.
💥 Por Que é Tão Caro Amar o Rock?
Ser roqueiro no Brasil virou quase um ato de resistência cultural. Camisas de banda custam caro, equipamentos estão dolarizados, os shows são concentrados em grandes centros. Quem mora longe de SP ou RJ precisa viajar (e pagar caro) para ver seu Ãdolo.
E não bastasse isso, a elitização de alguns eventos alternativos afastou o público mais jovem, que procura diversão acessÃvel. O rock precisa se reinventar sem perder sua alma — e isso exige reflexão e renovação constante.
🔥 Conclusão: Ainda Vale a Pena?
Sim, o rock não morreu — mas está lutando. E como toda boa luta, exige aliados: bandas novas, fãs apaixonados, mÃdia alternativa, selos independentes, casas de show que apostem na diversidade sonora.
O futuro do rock brasileiro não será um revival dos anos 80, nem um pastiche do que foi feito. Será novo, digital, colaborativo e cheio de alma — se soubermos abraçar os desafios com criatividade.
“Enquanto houver um jovem tocando guitarra em um quarto apertado, o rock seguirá vivo.”
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